segunda-feira, 14 de abril de 2008

Pastéis de Feijão

Pastéis de Feijão são como os chapéus: Há muitos!
Fruto de uma receita centenária cuja origem exacta se perdeu, começaram a ser feitos com intuito comercial em 1940 por aquela que é ainda hoje o expoente máximo da sua produção, a Fábrica Corôa!
Claro que o seu êxito foi prontamente imitado, umas vezes melhor outras pior, mas as imitações que pululam por Torres Vedras e arredores nunca conseguiram alcançar a inimitável qualidade dos pioneiros.
Tendo por única publicidade um arcaico anúncio a remeter para uma rampa escondida para onde dá uma portinha entreaberta de uma divisão minúscula, é aí que se pode esperar obter a graça de uma dúzia de pastéis ainda a ferver, que são sempre trazidos da cozinha, para nós. Se cometer o erro de comprar uma só, depressa chorará a imprudência. É que uma dúzia raramente chega para a viagem...
Pensar-se-á que estamos perante um daqueles casos de segredo bem guardado. Nada mais errado; aqui, o êxito chama-se pormenor. Aqui a qualidade não tem a ver com a receita, que é bem conhecida, mas com minúcias de confeccão, pequenos gestos que fazem de um pastel de feijão da Corôa, algo que só ali se consegue obter.
É esse pastel, a cuja confecção assisti muitas vezes, nos tempos em que se podia espreitar a cozinha, que vou tentar deixar-vos aqui, com toda a sua minúcia.


Ingredientes:

Massa -

250g de Farinha de Trigo 550
2 colheres de sopa de Manteiga
1,5 dl de Água (aprox)
Sal

Recheio -

500g de Açúcar
150g de Polme de Feijão Branco
100g de Amêndoa ralada
10 Gemas
2 Ovos
1 colher de sopa de Manteiga
Farinha e Açúcar em pó para polvilhar

Preparação:

Prepare uma massa tenra trabalhando energicamente os ingredientes indicados, devendo ficar uma massa capaz de ser esticada muito fino sem romper. Embrulhe-a num pano, dentro de uma tigela e cubra a tigela com outro pano, este húmido. Deixe repousar enquanto prepara o recheio.

Demolhe e coza feijão branco em água, escorra bem e passe-o por uma peneira, passador de rede ou passe-vite, de modo a reter as peliculas.

Pese o polme obtido e junte-lhe as gemas, ovos e amêndoa, que deve ser ralada, ou seja mais grossa que moída mas não totalmente granulada.

Ponha ao lume o açúcar com um pouco de água e, mexendo muito lentamente, obtenha o ponto assoprado (115ºC). Deixe arrefecer um pouco e junte todos os outros ingredientes já misturados. Mexa bem de modo a obter uma massa bem ligada.

Unte forminhas lisas, de queque, com manteiga.
Estenda a massa tenra muitíssimo fina, qualquer coisa como 1 milímetro de espessura e ponha-a esticada sobre a circunferência da forma deixando os bordos caídos para fora. Encha a forma com o recheio até ao bordo de modo a que o seu peso vá esticar ainda mais a massa tenra ao levá-la até às paredes da forma.
Corte o excesso de massa dos bordos da forma, polvilhe com farinha por cima, sopre toda a farinha que não fique pegada e volte a polvilhar com açúcar em pó.
Coze cerca de 25 minutos em forno a 220ºC.

Notas:

O que faz a excelência destes pastéis é a finura da massa, o pormenor da colocação da massa na forma, o rápido soprar da farinha final, o uso de manteiga e não de margarina, enfim, como antes disse é uma quetão de pormenores, não de ingredientes.

5 comentários:

risonha disse...

eu sou um bocado azelha a trabalhar com massas, especialmente se estas têem que ficar finas.
mas tomei nota da receita pois acho que um dia que me sinta inspirada sou capaz de arriscar.
o meu marido e a minha mãe adoram estes pastéis

anna disse...

Algume vez eu me atreveria a entrar numa aventura destas?
Sou demasiado azelha, como diz a minha amiga Risonha...
Mas bem que gosto de os «abocanhar»...

Marizé disse...

Os pormenores, os ingredientes e também o carinho que se dedica a cada receita, fazem a diferença.
Maravilhoso este nosso doce.

Bj

Chef Janvier disse...

Serviço público, isto é serviço público. Muito obrigado por partilhar esta pérola de receita com o mundo.

f@ disse...

Obrigada...

Vamos a ver se os meus quebram a dieta...

bj