segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Ovos à Infinito

O Jorge Almeida Lopes era há muitos anos um jovem que foi capaz de sonhar para si próprio uma vida de aventura em corte com os “burocratas” do Sistema que então se lhe afigurava castrador e asfixiante. Era o Jorginho, , que nessa altura da vida em que todos os sonhos são ainda possíveis, um nome só chegava bem e Lopes era o doutor seu pai!
O sonho do Jorginho era bebido nos poéticos e heróicos relatos de navegadores lendários, Slocum, Eric Tabarly, Bernard Moitissier e tantos outros que o chamavam dos longínquos e quentes mares do Sul ou do gélido Spitzberg para uma aventura que era então certa como um fado, a bordo de uma nave mil vezes planeada e algumas vezes mesmo construída, que teria por nome a grandeza do próprio sonho: Infinito!
Entre Fontanelas e o Magoito partilhámos uma casa de fim de semana que serviu de estaleiro naval para a construção de uma dessas embarcações, o Infinito II, laboriosamente nascido do aço e da ferrugem, numa altura em que outro metal, o chamado “vil” estava já ele também em campo, disposto a mostrar quem manda realmente nos sonhos da gente adulta.
Em cada Sábado ao jantar, à vez, cada membro da pequena comunidade constituída por ele, pela sua companheira Inês, por mim e pela Maria José, apresentava uma ementa por si confeccionada e comida pela comunidade, num jogo mensal que levávamos a sério q.b., com algumas batotas de maternas ajudas pelo meio.
Quando chegava a vez do Jorge, cozinheiro execrável mas com uma vergonha de “cão”, a ementa era sempre a mesma, apesar do resultado apresentado ser por demais variável: Ovos à Infinito.

Hoje, tornado ele próprio no “doutor” Almeida Lopes, próspero de uma vida dedicada aos negócios das drogas, dificilmente o Jorge se lembrará dos Ovos à Infinito. Eu faço-os todas as férias, quando só temos uma frigideira como trem de cozinha e me sabe bem lembrar que, tal como o Jorginho, também eu tive um dia sonhos que me pareceram tão belos e ilimitados como o Mar.

Ingredientes:

Algumas Cebolas
Alguns Tomates maduros
Alguns Alhos
Sal e pimenta
Mais qualquer coisa que se queira
Uns Ovos
Óleo Alimentar ou outra gordura para fritar
Pão ou um pacote de batatas fritas.

Preparação:

Fritam-se todos os ingredientes e junta-se no fim os ovos batidos com sal e pimenta. Come-se com pão ou usando as batatas fritas como improvisado garfo.

6 comentários:

cupido disse...

Bem, o resultado é imprevisivel; eu juntava chouriço e acho que ficava por aí.

JoSefa disse...

Luiz, Vim retribuir e agradecer à visita ao culinaria da zefinha e te esclarecer:

Coluna travada significa que a gaja aqui levantou errado do leito e trincou a coluna. Assim que estou impossibilitada de fazer muitas coisas, até mesmo ficar sentada por um longo período.
Quanto à banana mascava, eu me refiro as bananas d'água. Chamei a receita assim em referência ao açúcar mascavo. Só para não ficar comum (((risos))).
Já estive pertinho da sua cidade. Ja fui à Evora (linda!) e se soubesse teria passado pela tua cidade para conhecê-la. Na próxima!

Adorei ler seu relato sobre o agora doutor Jorge Almeida. Esses ovos à infinito me lembram as tortilhas de my abuela Carmen.

Um abraço e volte sempre.

edinha disse...

Bela história dos ovos à infinito :)
De qualquer modo não deixa de ser uma óptima receita e de ser variada conforme o que se junta aos ovos :)

anna disse...

Nem sei se gostei mais da história se de imaginar estes ovos infinitos...
Beijinhos.

Adriana disse...

Muito original!!"Gostei!!

Henrique disse...

e meu pai!!e orgulho!!ja comi muito desta receita maravilhosa mas o aspecto deixa um pouco a desejar!!destas historias so por amigos do meu pai e que tenho acesso a elas!!bem deste cozinheiro nato ja ha novidades tais como ums bifes com mais alho que bife e um pouco com um aspecto parecido com o dos ovos!!mas e certo estas receitas nunca ficam para o dia seguinte!!de sobremesa recomendo uma chavena de cafe a infinito ou cha muito usado em termos nauticos "infinitos"!abraço Henrique Almeida Lopes