Tempêros e Sabores - Sinfonia ou Música de Câmara?
Os tempêros e especiarias podem ser auxiliares preciosos para a obtenção da plenitude das potencialidades gustativas de muitos alimentos.
Assiste-se no entanto, com a proliferação das cozinhas de fusão e a procura de exotismo, a uma invasão do espaço gastronómico por verdadeiras orgias de sabores fortes e marcantes, que transformam o alimento base num suporte para tempêros que, de algum modo, se tornam as estrelas da refeição!
Esta cozinha dos tempêros tem, naturalmente, a sua razão de ser: oriunda na sua esmagadora maioria, de climas tropicias ou sub-tropicais e de culturas com meios rudimentares de conservação, tornou-se uma necessidade, quer para prolongar a duração do alimento até ser consumido, quer para disfarçar os vestígios olfactivos da sua inevitável deterioração.
Se é verdade que essa procura deu origem a verdadeiras sinfonias gustativas, como por exemplo a mistura de tempêros a que se dá o nome genérico de Caril, também não é menos verdade que, na boca, um caril de frango, de galinha ou até de porco, sabe ao mesmo!
Quando cozinho, essa é a minha primeira grande opção: Quero um prato em que os tempêros sejam as estrelas (sinfonia em grande orquestra) ou em que a carne, o peixe ou o vegetal sejam os reis (Quarteto de Câmara)?
Chamo-lhe quarteto porque raramente esta cozinha dos sabores simples e poderosos que cada alimento encerra, necessita de mais de quatro sabores (sal e pimenta já incluídos) para soltarem todas as suas notas gustativas.
É essa a razão porque, por exemplo, na receita que publiquei de Sopa de Peixe, o pimento e o piripiri são opcionais; é que se usar a delicadíssima garoupa, o seu sabor único fica afogado na intensidade destes tempêros. E a sopa é de peixe, não de pimentos e piri-piri!
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
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